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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Microbiota Intestinal Contribui para a Capacidade de Helmintos em Modular Inflamação Alérgica



Heligmosomoides Polygirus Bakeri (Hpb) - parasito intestinal murino amplamente utilizado como modelo para infecções helmínticas humanas em animais de laboratório. Fonte: Fotografia de Constance Finney, abril de 2015; http://www.inbionet.eu/blog/


Helmintos intestinais são reguladores potentes do sistema imune do hospedeiro e estudos prévios sugerem que infecções com parasitos intestinais podem melhorar doenças inflamatórias, como a asma alérgica. Em estudo recente publicado na revista Immunity, o grupo liderado pelo Dr. Nicola L. Harris do Global Health Institute, École Polytechnique Féderále em Lausanne na Suíça avaliou se esta atividade antiinflamatória é puramente intrínsica à infecção helmíntica ou se também é induzida pela microbiota local. Nesse estudo, foi investigada a possibilidade que helmintos intestinais modularem doenças alérticas, pelo menos em parte, induzindo alterações na microbiota intestinal.

Os pesquisadores mostraram que a infecção murina crônica pelo helminto Heligmosomoides polygyrus bakeri (Hpb) alterava o microambiente intestinal. A alteração provocada pela infecção helmíntica na flora bacteriana intestinal contribuía para atenuar a inflamação alérgica de vias aéreas. A capacidade imunomoduladora da infecção helmíntica poderia ser transferida por meio de transplante fecal e correlacionada com uma disponibilidade aumentada de ácidos graxos de cadeia curta (short chain fatty acid-SCFA), quando comparada aquela apresentada por camundongos não infectados. Uma associação direta entre helmintos induzindo aumento de SCFAs e a capacidade desses organismos em atenuar inflamação alérgica de vias aéreas foi mostrada, utilizando-se camundongos deficientes do receptor cognato para SCFA, GPR41, também conhecido como receptor 3 de ácidos graxos livres (FFAR3). Evento similar também acontece em humanos, já que indivíduos infectados por helmintos têm elevados níveis de SCFAs.

Apenas a transferência da microbiota modificada pelo Hpb era suficiente para mediar proteção contra a asma alérgica. A secreção de citocinas antiinflamatórias induzidas pelo hpb e a atividade supressora de células T reguladoras que medeiam a proteção requerem a participação de GPR-41. Uma alteração similar no potencial metabólico de comunidades bacterianas intestinais foi observada com diversas espécies de hospedeiro e parasitos, sugerindo que este representa um mecanismo conservado evolucionário nas interações helmintos-hospedeiros. Esses dados indicam que helmintos não somente modulam o sistema imune diretamente, como também produzem impacto nas doenças alérgicas de vias aéreas por aumentarem metabólitos moduladores bacterianos imunoderivados.

Referências
1. Zaiss MM, Rapin A, Lebon L, Dubey LK, Mosconi I, Sarter K, Piersigilli A, Menin L, Walker AW, Rougemont J, Paerewijck O, Geldhof P, McCoy KD, Macpherson AJ, Croese J, Giacomin PR, Loukas A, Junt T, Marsland BJ, Harris NL. The Intestinal Microbiota Contributes to the Ability of Helminths to Modulate Allergic Inflammation. Immunity. 2015 Oct 27. pii: S1074-7613(15)00397-0. doi: 10.1016/j.immuni.2015.09.012. [Epub ahead of print].
2. Zaiss MM, Harris NL. The interaction of commensal intestinal bacteria with helminth parasites. Parasite Immunol. 2015 Sep 8. doi: 10.1111/pim.12274. [Epub ahead of print].
3. Maslowski KM, Vieira AT, Ng A, Kranich J, Sierro F, Yu D, Schilter HC, Rolph MS, Mackay F, Artis D, Xavier RJ, Teixeira MM, Mackay CR. Regulation of inflammatory responses by gut microbiota and chemoattractant receptor GPR43. Nature. 2009 Oct 29;461(7268):1282-6. doi: 10.1038/nature08530.

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