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terça-feira, 12 de agosto de 2014

A pré iniciação científica: parte II

No meu último texto, aqui para o blog, trouxe um tema com o qual ainda estamos nos familiarizando. Seja pela novidade em abordá-lo, dentro dos programas de pós graduação nas universidades, ou no contexto dos institutos de pesquisas, ou ainda pela falta de costume de se abordar esse assunto dentro do cotidiano de um laboratório profissional. Me refiro a um adolescente participando ativamente em grupo de pesquisa: os estágios de jovens do ensino médio na ciência, a chamada pré iniciação científica (Pré-IC).
Uma questão que me perseguia logo no início da minha trajetória no ensino de ciências para adolescentes: “Alguns estudantes do ensino médio realizam o estágio, poucos, após terminar o estágio procuram a carreira científica. O que fazer para que esse número aumente?”. De fato, essa entrada de alunos para o estágio e a saída motivada para a carreira científica não é objetiva e lógica. Não é um fenômeno que pode ser explicado de forma matemática, em uma equação para achar uma incógnita. Nesse caso não há incógnitas e nem números. Não há medidas. Afinal, como avaliar esse tipo de investimento na educação científica? Não há técnicas, existe apenas a avaliação de um vasto campo da vivência que é individual e intransferível: a experiência.
Para muitos alunos do ensino médio a palavra Ciência só remete a uma disciplina escolar com datas para provas, cheia de nomes e alguns outros cálculos para resolver. O lado Ciência que conhecemos uma vez pesquisadores, para eles é mundo completamente distante, inacessível e que apenas pessoas de especiais habilidades podem ter acesso. A oportunidade que alguns têm de entrar nesse mundo e frequentar a universidade por alguns meses pode ser significativo para o resto da vida. Faz mudar significados. Para alguns pode ser a descoberta da real ciência, para outros tantos: a descoberta do conhecimento, para outros a visão de uma forma de viver, para outros ainda é o pisar na universidade. Porém, para a maioria esmagadora, são portas de possibilidades que estão se abrindo onde antes não existia nada ou que se abrem diante a uma tremenda confusão de informações, típicas dessa idade. E a isso chamo da avaliação pela experiência.
Quanto aos números de quantos alunos de ensino médio que participam das Pré-IC que serão cientistas experimentais, parecidos com nós, esses são importantes sim. Ficamos felizes quando brota um mini-cientista das Pré-ICs, que escolhem cursos na universidade iguais àqueles que fizemos. Entretanto, há outras formas de lidar com conhecimento nas três grandes áreas humanas, exatas e biológicas e cada um vai encontrar o seu caminho somente experimentando.

Mas, como números que éramos no passado, esses mesmos que se tornaram bons observadores da natureza que somos, já que somos cientistas como classe, há dezenas de outros números encobertos, que estão subentendidos, para serem desvelados sobre educação de jovens nesses estágios de Pré-IC que devem ser levados em consideração.  Uso como exemplo aqueles que quando os estagiários chegam e dizem ao final do estágio (ainda que consideramos que o estudante “não deu certo”): “Quero continuar estudando”. Enfim, podem ter certeza que deu certo.

Por Daniel Manzoni de Almeida.


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