BLOG DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE IMUNOLOGIA
Acompanhe-nos:

Translate

domingo, 27 de julho de 2014

O microrganismo do câncer


         Figura ilustrativa de extensões fibrosas do protozoário T. vaginalis (em branco) que aderem às mucosa (em róseo). 
                   (Johnson Lab/ UCLA)

           Os pesquisadores da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA) detectaram uma infecção chamada tricomoníase, causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, ao examinarem células de próstata humana.  Esse protozoário naturalmente infecta mulheres mas é transmitida ao homem mediante transmissão sexual. A equipe de Patrícia Johnson identificou uma proteína secretada por T. vaginalis chamada fator de inibição de migração de macrófago (TvMIF), essa proteína tem uma similaridade de 47% com o fator inibidor da migração dos macrófagos humano (HuMIF). A HuMIF está aumentada no câncer de próstata e em processos inflamatórios que promovem a progressão da doença.  De maneira semelhante ao MIF humano, a MIF do protozoário também é capaz de inibir a migração de macrófagos e de exercer um papel pró-inflamatório (1). Curiosamente, TvMIF se liga ao receptor CD74MIF com uma afinidade semelhante a seu ligante natural, HuMIF. Essa ligação desencadeia a sinalização de ERK, Akt e Bcl2 que promove a sobrevivência de células tumorais in vitro. Esses dados foram reforçados pela presença de altos níveis de anti-TvMIF no soro de pacientes com câncer de próstata, infectados com T. vaginalis quando comparados aos pacientes infectados somente com T. vaginalis. Estes dados indicam que nas infecções crônicas por T. vaginalis, TvMIF acelera a proliferação celular e agrava o desenvolvimento do câncer de próstata.
   Em 2009 um estudo da Universidade de Harvard verificou que o 25% dos homens com câncer da próstata apresentavam sinais de tricomoníase e tendiam a ter tumores mais agressivos (2). Segundo as estatísticas estima-se que cerca de 275 milhões de pessoas tenham tricomoníase. Em homens, a infecção causa dor ao urinar e nas mulheres corrimentos vaginais, embora metade dos casos são assintomáticos. Estudos futuros podem utilizar essa proteína como marcador de prognóstico para câncer de próstata. Ainda com um objetivo mais pretensioso, como um marcador de quimioprevenção secundário.

Post de Gretel  Rodríguez Rodríguez e Malena Martínez Pérez (FMRP-USP/IBA)

Comente com o Facebook :

Nenhum comentário:

Postar um comentário

©SBI Sociedade Brasileira de Imunologia. Desenvolvido por: