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domingo, 8 de setembro de 2013

JOURNAL CLUB – IBA: ESOFAGITE EOSINOFÍLICA: DESVENDANDO NOVOS MECANISMOS DE ALERGIA


        Toda vez que pensamos em alergias mediadas por células Th2, logo inferimos aquela clássica sequência de eventos: ativação de células dendríticas, polarização de resposta Th2, produção de IgE, sensibilização de mastócitos, ativação de eosinófilos e liberação de mediadores, como histamina. Mas nem sempre um processo alérgico mediado por resposta Th2 conta com esta mesma sequência de eventos. Um trabalho do grupo liderado pelo Dr David Artis publicado na Nature Medicine demonstrou que os mecanismos imunológicos envolvidos com a patogênese e a progressão da esofagite eosinofílica (EoE) não são comuns a todas as alergias conhecidas. A EoE é uma doença alérgica, de origem alimentar que atinge principalmente crianças (4/100.000) e é caracterizada pelo intenso infiltrado eosinofílico no esôfago. Além disso, pacientes com EoE apresentam aumento da expressão gênica para citocina TSLP (Thymic stromal lymphopoietin) no esôfago e parte deles possuem polimorfismo de ganho de função no gene desta citocina. A TSLP já foi discutida neste blog e você pode acessar o link: http://blogdasbi.blogspot.com.br/2011/10/journal-club-iba-tslp-regulando.html .

Nesse estudo foi observado que animais sensibilizados com alérgeno pela via cutânea apresentavam intensa liberação local de TSLP, e este evento foi associado ao desenvolvimento da EoE, visto que animais TSLPR-/- não desenvolveram a doença. Sabendo-se que a TSLP é importante para diferenciação e proliferação de basófilos, foi demonstrado que estas células participam da patogênese da EoE, onde animais depletados de basófilos não desenvolveram a doença. Também foi avaliado a participação da IgE no desenvolvimento da EoE. De maneira supreendente, animais deficientes para a cadeia pesada de IgE continuaram apresentando a inflamação alérgica, demonstrando que a patogênese da EoE independe de IgE.
Interessante que pacientes com EoE ativa (> 15 eosinófilos/campo histológico), apresentam um intenso infiltrado basofílico no esôfago, reforçando a importância desta célula para patogênese da doença. Ainda, pacientes que possuiam pelo menos 1 alelo polimórfico de ganho de função no gene de TSLP apresentavam aumento de basófilos sistemicamente. Desta forma, o eixo TSLP-basofilo também participa da patogênese de EoE em humanos.
Seria então o eixo TSLP-basófilo um potencial alvo terapêutico para o tratamento da EoE? Para responder tal questão, animais já com a doença estabelecida foram tratados com anti-TSLP ou com anti-CD200R3 (anticorpo que depleta basófilos). Ambos os tratamentos reverteram os parâmetros imunolopatológicos e clínicos encontrados na EoE, representando uma nova estratégia para o tratamento da doença.
Em indivíduos que carregam o polimorfismo para o TSLPrisk, a exposição a antígenos nas barreiras epiteliais leva a um aumento na expressão de TSLP (5) associado com basofilia periférica induzida pelo TSLP (6), que em conjunto aumentam a probabilidade de, mas não são necessários para , o desenvolvimento da EoE (7). Ainda não se sabe se na EoE este polimorfismo e a basofilia periférica promovem o acúmulo de eosinófilos e basófilos no esôfago.


Referências
Spergel JM. Eosinophilic esophagitis in adults and children: evidence for a food allergy component in many patients. Curr Opin Allergy Clin Immunol. 2007 Jun;7(3):274-8.
Noti M, Wojno ED, Kim BS, et al. Thymic stromal lymphopoietin-elicited basophil responses promote eosinophilic esophagitis. Nat Med. 2013 Aug;19(8):1005-13
Siracusa MC, Wojno ED, Artis D. Functional heterogeneity in the basophil cell lineage. Adv Immunol. 2012;115:141-59.
Liu YJ. Thymic stromal lymphopoietin: master switch for allergic inflammation. J Exp Med. 2006 Feb 20;203(2):269-73.

Post de Juliana Kawahisa e Paulo Henrique Melo 




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