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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Padrão circadiano do homing tecidual de leucócitos


Fonte: Muller WA, 2012.
Cada vez mais a interação entre o sistema nervoso e imune ganha novos capítulos e, ultimamente, tem sido destaque em publicações de alto impacto. Felizmente para alguns e infelizmente para outros, o que de forma isolada já era complexo, tornou-se muito mais.
Em agosto desse ano, o grupo americano liderado pelo professor Paul Frenette acrescentou alguns mecanismos dessa fantástica e fina interação. Em um trabalho publicado na Immunity, eles demonstraram que a inervação adrenérgica sofre controle do ciclo circadiano é capaz de regular localmente a expressão de moléculas de adesão na superfície dos vasos sanguíneos, o que resulta  em um controle sob o homing de leucócitos para os tecidos. Até então, acreditava-se que esse mecanismo ocorria de forma aleatória.
Assim, durante o dia (período claro), sinais provenientes do núcleo supraquiasmático no hipotálamo definem uma hipoatividade dos nervos simpáticos em camundongos, animais de hábitos noturnos. Tal sinalização é responsável pela expressão basal de moléculas de adesão em células endoteliais, e consequentemente, em níveis basais do rolling leucocitário, adesão ao endotélio e diapedese. Durante esse período, ocorre o pico máximo de células na circulação.

Por outro lado, 1 hora após o início do período noturno (ciclo escuro), ocorre uma hiperatividade simpática e up-ragulation das moléculas de adesão, dependente dos receptores β2 e β3 adrenérgicos. Fenômeno este observado tanto no endotélio muscular quanto na medula óssea, resultando durante esse período um intenso extravasamento tecidual de leucócitos e diminuição de células circulantes. Fisiologicamente, esse “padrão circadiano” poderia ter efeito benéfico durante o período de maior atividade desses animais (noite), que está relacionado com uma maior probabilidade de encontro com patógenos e lesão tecidual.

Os autores ainda correlacionaram tais achados com modelos inflamação e transplante de medula óssea. No primeiro caso, há uma exacerbação da resposta inflamatória durante o período noturno e pior prognóstico. Entretanto, o transplante de células da medula óssea em animais letalmente irradiados é muito mais satisfatório durante a noite.

Certamente, tais resultados poderão ser correlacionados com o quadro clínico de pacientes com doenças inflamatórias e testados no contexto do transplante de medula óssea.

Vale a pena dar uma olhada mais detalhada no trabalho!

Referências:



Kalil Alves Lima e Raphael Sanches Peres
Laboratório de Inflamação e Dor- FMRP/USP


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