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domingo, 6 de maio de 2012

Journal Club Iba: Troca de isotipo e linfócitos B de memória produtores

           A edição do mês de Abril da Revista Nature Immunology traz um comentário dos autores Mübeccel Akdis & Cezmi A Akdis, 2012 (aqui), que aborda questões controversas quanto à troca de isotipo e a geração de células B de memória produtoras de IgE. Sabe-se que os anticorpos da classe IgE estão envolvidos em reações de hipersensibilidade,  na patogenia de doenças alérgicas e na defesa contra helmintos, sendo que o contato com um alérgeno ou uma infecção por helminto induz a  polarização para o padrão de resposta do tipo Th2, que por sua vez, está principalmente associado à produção de IgG1 e IgE por linfócitos B.  
            Utilizando modelos que induzem um perfil Th2 de resposta em camundongos e com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre a biologia das células B IgE+, Erazo e colaboradores, 2007 (aqui), verificaram uma predominância (praticamente total) de células B IgE+ fora dos centros germinativos de órgãos linfóides secundários. Embora essas células apresentem essa localização, a mudança de classe para IgE inicia-se nos centros germinativos dependendo de uma produção de IL-4 por células T. As células IgE+ desde então já apresentam um fenótipo semelhante ao de plasmócitos. Os dados demonstram que a hipermutação somática e a maturação de afinidade ocorrem em uma fase pré-IgE em células IgG1+ e, posterior a ela, essas células B rapidamente se transformam em plasmócitos produtores de IgE. Essa diferenciação é suportada pela demonstração de que células IgG1+ produzem anticorpos IgE in vivo e in vitro, em um processo que é dependente de IL-4 e inibido por IL-21.
Por outro lado, Talay e coloboradores, 2012 (aqui), cinco anos mais tarde mostraram outro ponto de vista. O grupo utilizou um animal IgE-GFP repórter para acompanhar como se dá a troca de classe para IgE e formação de uma célula de memória após a infecção dos camundongos com o helminto Nippostrongylus brasiliensis. De acordo com o grupo, a infecção dos animais leva ao aumento da população de linfócitos B produtores de IgG1 e de IgE e o aparecimento das células produtoras de IgE, que se localizaram inicialmente nos órgãos linfóides secundários, foi totalmente independente da presença da célula IgG1+. De forma interessante, o trabalho mostra claramente, 35 dias após a infecção, uma população de células B IgE+ de memória, indo em contraste aos resultados obtidos por Erazo e colaboradores, 2007, em que a produção de IgE de memória dependia de uma célula IgG1+. A realização de ensaios de transferência adotiva de células de memória IgG1+ e IgE+ mostrou que somente os camundongos que recebem IgE+ de memória são capazes de rapidamente diferenciarem-se em plasmócitos IgE+. A demonstração da existência de células de memória IgE+ é um avanço importante e estes mecanismos tornam-se portanto novos alvos para o tratamento de doenças alérgicas.
No entanto, a controvérsia continua, os trabalhos utilizam diferentes parâmetros de análise e surge a questão: essa diferença não estaria também nas populações analisadas, possibilitando a existência dos dois mecanismos?


Post de Fernanda Rocha, Maria Cláudia Silva e Marcel Trevisan

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