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domingo, 25 de março de 2012

Journal Club Iba: Você é um homem ou um camundongo?

O timo é o órgão responsável pela geração do repertório e maturação das células T. No entanto, sua participação na manutenção do pool periférico absoluto dessas células varia bastante entre os mamíferos. O trabalho de den Braber e colaboradores, publicado na Immunity em fevereiro deste ano, vêm provar essa variação. Os autores demonstram que o timo mantém sua atividade durante toda a vida dos camundongos e é o grande responsável pela manutenção do pool periférico de células T naives nesses animais. Já em nós, seres humanos, o timo é o responsável pela geração do repertório de linfócitos T, mas a proliferação periférica das células T naives é o principal mecanismo de manutenção do pool dessas células.

Iren Bains e colaboradores publicaram na Blood em 2009 um trabalho que também discorre sobre a contribuição da proliferação periférica na formação do pool de linfócitos T naives. Os autores reuniram dados da literatura relacionando proliferação celular e capacidade de produção de linfócitos naives pelo timo, entre outras variáveis, com a idade, e aplicaram os dados em elegantes modelos matemáticos. Através dessa metodologia, foi possível mostrar que mesmo nos primeiros anos de vida, o ser humano já tem seu pool periférico formado, em sua maioria (cerca de 70%), por células que se proliferaram na periferia. Além disso, os autores demonstram também que com o passar do tempo e a involução do timo, a proliferação celular periférica de células T naives também tem sua frequência diminuída e o tempo entre cada divisão celular tende a aumentar, sugerindo assim um cenário complexo para a manutenção da homeostase numérica desse tipo celular.

Em ambos os trabalhos é utilizada a análise da presença de TRECs nas células T naives. TRECs, do inglês T cell receptor excision circles, são loopings descartados durante o processo de recombinação V(D)J para a formação das cadeias do TCR. Esses loopings são mantidos no núcleo da célula na forma de um DNA extra-cromossomal e são estáveis durante a vida da célula T. Pelo fato deste DNA não ser duplicado no processo de divisão celular, ele pode ser considerado um marcador da origem tímica da célula T naive.

Esses resultados apontam a importância de sermos cautelosos nas extrapolações feitas a partir de modelos animais, principalmente nesse caso, tratando-se de comparações entre a função tímica e sua importância para a manutenção do pool de linfócitos T naive na periferia.

Post de Gabriela Scortegagna, Eduardo Crosara e Daiani Alves.

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