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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Proteína quinase que não é quinase???

Proteínas quinases são enzimas que catalisam a fosforilação de moléculas alvo específicas. A família das proteínas fosfatidilinositol quinases converte o fosfatidilinositol em seus derivados fosforilados. Um dos membros desta família, presente nas células do sistema imune, é o fosfatidilinositol 3-quinase (PI3K), que, em resposta a estímulos extracelulares, catalisa a transferência do grupo g-fosfato do ATP para a posição D-3 do anel inositol de fosfatidilinositois, que são ubíquos nas membranas celulares, gerando produtos chamados segundo mensageiros. O produto mais importante dessa fosforilação é a fosfatidilinositol (3,4,5) trifosfato (PIP3), que age como um sítio de ligação para numerosas proteínas intracelulares, como a AKT. Tais proteínas são localizadas no citosol de células não estimuladas, mas em resposta a fosforilação de lipídios pela PI3K, se acumulam na membrana plasmática, são fosforiladas, se tornam ativas e iniciam a cascata de proteína quinase. O efeito da fosforilação pela AKT é a ativação de uma grande variedade de eventos celulares importantes na resposta imune, como sobrevivência, proliferação, diferenciação e remodelamento do citoesqueleto. Todos esses eventos são resultantes da atividade quinase da PI3K.

Porém, recentemente, alguns trabalhos têm mostrado que a PI3K-gama é capaz de desempenhar uma importante função no controle da contratilidade do miocárdio de forma independentemente da sua atividade quinase. Animais com ausência da PI3K-gama (KO) apresentam uma hiper contratilidade cardíaca associada a níveis elevados de cAMP, enquanto os que expressam a proteína PI3K-gama cataliticamente inativa, ou seja, sem a função quinase (KD), apresentam níveis normais de cAMP e contratilidade cardíaca inalterada. Essa discrepância nos níveis de cAMP entre esses dois grupos de animais indica que a PI3K-gama controla os níveis de cAMP e contratilidade do miocárdio independentemente de sua atividade quinase. Sendo assim, as atividades desempenhadas pela PI3K que se relacionam com a transdução de sinal e funções celulares importantes na resposta imune dependem da função quinase da proteína, mas, para o controle da contratilidade cardíaca sua atividade catalítica não é necessária.

Será que a função não catalítica da PI3K também poderia ter algum papel nas respostas imunológicas?




Referências:

DAMILANO, F., PERINO, A., HIRSCH, E. PI3K kinase and scaffold functions in heart. Ann. N. Y. Acad. Sci., v. 1188, p. 39-45, 2010.
PERINO, A., GHIGO, A., FERRERO, E., MORELLO, F., SANTULLI, G., BAILLIE, G.S., DAMILANO, F., DUNLOP, A.J., PAWSON, C., WALSER, R., LEVI, R., ALTRUDA, F., SILENGO, L., LANGEBERG, L.K., NEUBAUER, G., HEYMANS, S., LEMBO, G., WYMANN, M.P., WETZKER, R., HOUSLAY, M.D., IACCARINO, G., SCOTT, J.D., HIRSCH, E. Integrating Cardiac PIP(3) and cAMP Signaling through a PKA Anchoring Function of p110gamma. Mol. Cell., v. 42, p. 84-95, 2011.

Post de Maria Cláudia da Silva

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Um comentário:

  1. Cláudia, como sabe, já fiz vários experimentos com a finalidade de observar o papel de PI3K-g no meu modelo experimental.

    Acredito que a grande questão dessa kinase é o fato da mesma ser ubiquitária. Neste sentido, esperaria mesmo que desenvolvesse funções não relacionadas a resposta imune.

    Espero que vocês tenham encontrado as respostas certas para o seu modelo de pesquisa.

    Abraços, Tiago.

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